quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Mais um dia igual ao último

Todos os dias acordamos na esperança de encontrarmos algo inovador e motivante. De fazer nascer um dia que possamos dizer diferente.
O dia é enfrentado, inicialmente, com uma enorme vontade de viver e um sorriso imenso. Tudo parece dar-nos uma infindável energia e só mais tarde o plano de fundo perfeito mostra como tudo é igual a ontem. Os passos são os mesmos e o cenário sempre indiferente. O mesmo acto de acordar e fazer a cama da maneira mais perfeita possível. Como quem abre os olhos quando ganha consciência e se esforça para que chegue um dia mais harmonioso e excitante que os últimos.
Na rua tudo se mantém igual. As pessoas, provavelmente outras com outras vidas e histórias, mantêm-se insignificantes e quase transparentes. Mais uma paragem de autocarro ou mais um café e nada chama por mim. Nada me pede para ficar ali. Procuro o local que me peça para não ir e ficar para sempre. Que me mostre que qualquer coisa naquele dia me fará pedir que o amanhã não nasça.
As viagens, os caminhos, os apoios são iguais. Acordo e penso: “Hoje vai ser diferente”. Esforço-me, inicialmente, para sair deste quarto, que é meu refúgio, com a maior vontade de viver que sempre tive. Conforme enfrento a rua dou início ao anseio pelo qual espero surgir para me alimentar. Crio um imenso entusiasmo antes de virar a próxima esquina. Imagino e quero acreditar que do outro lado estará alguém que me irá olhar com tanta vontade de conhecer e encontrar o desconhecido como eu…

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